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hádoc, na comunicação social

Destaque, na comunicação social, para o hádoc e O Sal da Terra.

Edição 1605, do Jornal de Leiria,

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Edição 4074, do Região de Leiria

10427253_884474931613969_8616648663746301518_nTambém, e na íntegra, o hádoc em entrevista, no Região de Leiria online.

Há cada vez mais espectadores nas sessões de hádoc, o ciclo de cinema documental organizado pela associação ecO. A meio da quarta edição, a afluência de público já ultrapassou o total de bilheteira de qualquer dos ciclos anteriores.

Os documentários são exibidos nas primeiras e terceiras terças-feiras de cada mês, no Teatro Miguel Franco.

Em entrevista ao REGIÃO DE LEIRIA, Nuno Granja, um dos elementos da organização, fala do trajeto do ciclo, da presente edição e de ideias para o futuro de hádoc.

Quantos espectadores assistiram até agora aos filmes desta quarta edição do hádoc?
A quarta edição do hádoc – que vai neste momento a meio, uma vez que tipicamente uma temporada consiste em seis filmes – teve até agora 275 espectadores, se não levarmos em conta o filme de apresentação (que consideramos fora do ciclo), “20000 Days on Earth”, que colocou, por si só, 170 pessoas na sala do Miguel Franco.

É um crescimento significativo em relação às às edições anteriores?
Na prática, a meio da presente temporada, já ultrapassámos o máximo de público da anterior, que teve um total de 268 espectadores, e que, por sua vez ultrapassou os números da segunda temporada que contou com 187 espectadores, e que garantidamente terá ultrapassado os números da primeira.

O que explica este aumento de interesse pelos filmes?
A resposta imediata é, claramente, a qualidade dos mesmos. Temos tido bastante cuidado na seleção dos filmes que queremos exibir, e acho, sem falsas modéstias, que, ao final de três temporadas, esta quarta apresenta a melhor seleção que conseguimos até ao momento. Existe também algum público fiel, que felizmente nos vem acompanhando desde o início e com o qual procuramos ter um “diálogo” próximo, percebendo o que lhe é interessante, mas também chegar a um compromisso entre as nossas escolhas e visões para o hádoc e os filmes que mais lhe agradariam.
Por último, a consolidação do trabalho nos últimos anos, que, julgo, inspira alguma confiança a quem, sem nunca ter ido ver uma sessão do hádoc, arrisca e nos vem fazer companhia e por à prova.
A soma destes três fatores, acrescido de alguma sensação generalizada de que já não estamos no pior da crise económica, serão as causas mais prováveis do aumento de público.

O que já foi visto nesta edição?
“Rich Hill”, um drama sobre três adolescentes oriundos do meio rural dos EUA. Um filme bastante tocante e intenso, mas também bastante inspirador; “Cowspiracy”, um documentário que teve um impacto muito forte junto do público (e no mundo em geral), com uma perspetiva estatística e racional na abordagem da questão do consumo de carne e da produção massificada de animais, e dos seus impactos no ecossistema global (em oposição a visões mais “emotivas” a que este género de documentários costuma recorrer); e finalmente “A 60km/h”, uma história deliciosa de um cinquentão uruguaio que parte, com os seus dois filhos, numa volta ao mundo, a bordo de um Citröen Méhari (a velocidade do título é alusiva à velocidade máxima do veículo). Uma longa viagem, que lhes tomou quatro anos da vida, obrigando-os a abandonar a sua casa, amigos e família, mas que os fez reencontrarem-se consigo próprios, uns com os outros e “reposicionarem-se” face ao seu papel no mundo. O público do hádoc não resistiu a uma espontânea salva de palmas, no final deste.

O que falta ver?
No pŕoximo dia 21 [amanhã] apresentamos “O Sal da Terra”, documentário sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, da autoria de Wim Wenders e de Juliano Ribeiro Salgado, o filho de Sebastião. Um filme premiado em Cannes e nomeado aos Óscares, de uma beleza estonteante, e que abre portas à visita da exposição de fotografia do trabalho mais recente deste artista, patente até agosto, na Cordoaria Nacional, em Lisboa. No dia 5 de maio apresentamos “Pixadores”, uma coprodução finlandesa, sueca e dinamarquesa acerca do fenómeno da Pixação, em São Paulo. A pixação é uma forma de arte urbana tipicamente brasileira, associada a fenómenos de convulsão social. Este filme, em particular, acompanha um grupo de pixadores e os acontecimentos que rodeiam o convite para apresentarem o seu trabalho na Bienal de Berlim. No dia 19, fechamos esta quarta temporada do hádoc com “Good’Ol Freda”, um relato acerca de Freda Kelly (que inclui entrevistas com a própria), que foi secretária, assessora e amiga dos Beatles desde o início da banda. Os Beatles estiveram juntos durante dez anos, Freda trabalhou com eles durante onze! É um documentário com música original autorizada pelos “quatro de Liverpool”, por isso podemos presumir que não vai desiludir.
Toda a informação acerca destes filmes está disponível em www.hadoc.pt, onde é também possível subscrever a newsletter desta iniciativa e assim ficar a par de todas as novidades.

O que pretendem obter com a seleção destes filmes?
O hádoc assume-se, sem rodeios, como uma alternativa ao cinema comercial. O cinema documental, tem, na sua génese, uma capacidade fantástica que é a da provocação, da comoção, da estimulação do pensamento, através do contacto com a realidade, ainda que essa realidade não seja a nossa. O cinema consegue transmitir e provocar sensações extraordinárias, mas o documentário tem um poder superior, que podendo ir beber artisticamente ao cinema “convencional”, chamemos-lhe assim, lhe acrescenta outra potencialidade, que é a de ir mais além, porque apesar de ter amarras no concreto, nos faz sonhar, refletir, ponderar… ainda mais, precisamente devido a esse contacto tão estreito com o real.
O nosso objetivo, por vezes difícil de concretizar, uma vez que estamos a programar “ciclos” de seis filmes, é reunir, precisamente um leque de temáticas e de abordagens que não deixem o público indiferente e estimulem a reflexão, após a sessão de cinema. Isto não é necessariamente um forma “pesada” de por as coisas e reforço o exemplo do “A 60km/h”, cuja mensagem é precisamente de libertação, de aventura e realização pessoal, mas que deixou uma marca nas pessoas que estiveram naquela sala.

Para onde caminha o hádoc?
Antes de mais, consolidar o que temos feito até agora. Se temos tido boas plateias, nesta temporada, isso pode ter causas circunstanciais, o importante é que consigamos efetivamente promover ciclos interessantes para o público, sem comprometer a nossa visão do hádoc, e permitir que continue a crescer de forma estruturada. Para isso contribui sem dúvida a qualidade dos filmes. Neste ciclo tivemos quatro estreias nacionais absolutas. Mas o facto de apresentarmos sempre versões legendadas em português (algo que nem sempre acontece nos festivais ou mostras, mesmo internacionais) é um ónus adicional e tem custos. O esforço de garantir trailers promocionais semanalmente, também só acontece porque temos equipa para isso. Crescer implica outros recursos que são difíceis de conseguir (isto apesar do apoio institucional com que contamos desde o primeiro dia por parte da Câmara de Leiria e Teatro José Lúcio da Silva e de uma boa plataforma de apoios que conseguimos nesta temporada). A ideia seria, eventualmente, avançar para um formato mais próximo do festival, por um lado, com participações espontâneas e a capacidade de as premiar. Por outro, um trabalho com as escolas, que almejamos há bastante. Levar o hádoc às escolas ou as escolas ao hádoc, não só numa perspetiva de construção de público mas também como forma de proporcionar aos alunos uma abordagem diferente ao modelo de ensino atual (mas efetiva e de qualidade), é um objetivo a curto prazo.
“O sal da terra”, de Wim Wnders, é exibido dia 21 de abril